Pai que acionou PMs em escola por atividade com desenho de orixá é policial
- 20/11/2025
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Policiais militares entraram armados na Emei Antônio Bento depois de terem recebido ligação do homem; responsável pela criança teria dito que ela estaria sendo obrigada a ter aula de religião africana
PM entra armada em escola de SP após pai denunciar atividade com desenho de orixá; caso gera indignação e é investigado
Um caso envolvendo intolerância religiosa e ação policial dentro de uma escola infantil tem gerado grande repercussão em São Paulo. Na última quarta-feira (12), policiais militares entraram armados na EMEI Antônio Bento, no bairro do Butantã, após um pai denunciar que sua filha, de 4 anos, havia participado de uma atividade escolar que incluía o desenho de uma orixá, figura da tradição afro-brasileira.
Segundo informações da CNN Brasil, o pai alegou que a criança estaria sendo “obrigada a ter aula de religião africana”. No dia anterior ao episódio, ele já havia demonstrado insatisfação ao rasgar um mural coletivo que continha o desenho feito pela filha.
Atividade fazia parte do currículo antirracista
De acordo com a direção da escola, a proposta pedagógica faz parte do currículo antirracista da rede municipal, previsto pelas Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tornam obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira e indígena nas escolas. A instituição reforçou que não se tratava de ensino religioso, mas de uma atividade lúdica sobre diversidade cultural.
Ação policial gerou constrangimento e medo
Após a denúncia do pai, quatro policiais militares, um deles portando uma metralhadora, entraram no interior da escola para averiguar a situação. A presença dos agentes armados causou constrangimento entre professores e funcionários, além de preocupação entre famílias e especialistas em educação, que consideraram a medida desproporcional.
Repercussão e investigações
A Ouvidoria da Polícia solicitou a apuração da conduta dos policiais envolvidos, considerando que a presença de armas em uma escola de educação infantil não é recomendada por protocolos de segurança pública.
O Ministério da Igualdade Racial também se manifestou, classificando o caso como possível episódio de racismo religioso e pedindo investigação rigorosa. O órgão destacou que manifestações culturais de matriz africana são protegidas por lei e fazem parte do patrimônio histórico brasileiro.
A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo informou que prestou esclarecimentos ao pai, reforçando que a atividade não se tratava de imposição religiosa, mas sim de uma produção coletiva ligada ao trabalho pedagógico da turma.
Debate reacende discussão sobre intolerância religiosa
O caso tem reacendido o debate sobre intolerância religiosa nas escolas e os limites da atuação policial em questões pedagógicas. Entidades ligadas à educação ressaltam que ações desse tipo podem violar a autonomia escolar e afetar o ambiente de aprendizado das crianças.
A EMEI Antônio Bento segue com suas atividades enquanto as investigações prosseguem. O pai e os policiais envolvidos devem ser ouvidos pelas instâncias responsáveis.







