'Prefeito tiktoker' afastado: 10 pontos para entender propina, monetização e os novos capítulos da Operação Copia e Cola
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A Operação Copia e Cola, deflagrada pela Polícia Federal (PF), investiga um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Sorocaba (SP) envolvendo contratos públicos, lavagem de dinheiro e pagamento de propinas.
O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), conhecido como "prefeito tiktoker", foi afastado do cargo em 6 de novembro por decisão da Justiça Federal e segue fora da função até abril de 2026, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negar um pedido de habeas corpus.
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Nos últimos dias, o g1 e a TV TEM divulgaram pontos importantes da investigação. Os documentos detalham a participação de secretários e servidores do alto escalão da administração municipal, que, supostamente, teriam recebido propina e contratos fictícios para lavar dinheiro, além de apontar estratégias usadas pelo prefeito afastado e sua esposa para monetizar conteúdos sobre a operação nas redes sociais.
'Prefeito tiktoker’ está afastado da Prefeitura de Sorocaba (SP) por determinação da Justiça Federal
Reprodução/Instagram
A PF também reforçou que o cunhado de Manga, Josivaldo Batista de Souza, preso na segunda fase da operação, seria o operador financeiro do esquema.
A seguir, veja 10 pontos que explicam os desdobramentos mais recentes e as novas suspeitas levantadas pela Polícia Federal:
Afastamento mantido até abril de 2026
PF detalha nomes do alto escalão
Luciana Mendes aparece em mensagens
Assessor aparece com R$ 100 mil
Restrição de contato com ex-secretários
PF acusa "espetáculo de deboche"
Monetização nas redes sociais
Quem são os citados pela PF e quanto teriam recebido
Pastor cunhado como operador financeiro
Narrativa de perseguição política
Rodrigo Manga tentou monetizar nas redes sociais com operação da Polícia Federal, diz relatório
Reprodução
1. Afastamento mantido até abril de 2026
O pedido de habeas corpus, protocolado pela defesa de Rodrigo Manga no STJ, em 10 de novembro, foi negado. O prefeito de Sorocaba, afastado em 6 de novembro, segue fora do cargo até abril de 2026. A medida cautelar de 180 dias visa impedir interferências na investigação criminal.
A esposa dele, Sirlange Frate Maganhato, também investigada no caso, foi exonerada do cargo de presidente do Fundo Social de Solidariedade da cidade (FSS) na quinta-feira (13). Na mesma data, a Câmara de Sorocaba abriu uma CPI para investigar o caso.
2. PF detalha nomes do alto escalão
O relatório da Polícia Federal cita secretários, ex-secretários e servidores da Prefeitura de Sorocaba em um suposto esquema de propina envolvendo contratos municipais.
Os nomes aparecem na contabilidade paralela mantida por Josivaldo Batista de Souza e no controle feito pela cunhada do prefeito, Simone Rodrigues Frate, também investigada e foragida da Justiça. Entre os citados que ainda ocupam cargos estão:
Clayton Cesar Marciel Lustosa (secretário do Empreendedorismo)
Luciana Mendes da Fonseca (secretária de Administração)
Marcelo Duarte Regalado (secretário da Fazenda)
Samyra Toledo Egêa (secretária de Governo)
3. Luciana Mendes aparece em mensagens
A secretária de Administração, Luciana Mendes, é identificada como "Dra" em prints anexados ao relatório da PF.
As conversas mostram que Luciana compartilhava informações internas com Josivaldo, cunhado do prefeito, que não tem cargo público — o que, segundo a PF, indica influência dele na gestão.
4. Assessor aparece com R$ 100 mil
Márcio Bortolli Carrara, ex-secretário da Educação e hoje assessor de gabinete, é citado em relatório da PF com menção a pagamentos que somam R$ 100 mil. A contabilidade paralela registra quatro transferências para "Carra" e "Carrara".
Carrara também é investigado em outro processo sobre licitação de kits de robótica, caso em que Rodrigo Manga teve os bens bloqueados, desde 2023.
5. Restrição de contato com ex-secretários
A Justiça determinou que Rodrigo Manga não pode ter contato com várias pessoas, incluindo os ex-secretários Vinícius Tadeu Sattin Rodrigues e Fausto Bossolo, também investigados pela Polícia Federal, além de outros servidores.
6. PF acusa "espetáculo de deboche"
A Polícia Federal classificou a conduta de Rodrigo Manga como um "espetáculo de deboche e desdém" para com as autoridades. Segundo a PF, essa postura começou poucas horas após a equipe deixar a residência do prefeito. Manga e sua esposa, Sirlange Rodrigues Frate Maganhato, são acusados de explorar economicamente o caso.
7. Monetização nas redes sociais
Rodrigo Manga tentou monetizar com operação da Polícia Federal nas redes sociais, diz relatório
Reprodução
A PF aponta ainda que Manga e sua esposa buscaram monetizar vídeos sobre a operação no TikTok. Conversas mostram que Sirlange orientou o prefeito sobre técnicas para aumentar engajamento, como publicar vídeos com mais de um minuto.
8. Quem são os citados pela PF e quanto teriam recebido
A Polícia Federal detalhou nomes do "alto escalão" da prefeitura na "contabilidade paralela" encontrada no celular de Josivaldo Batista de Souza, cunhado do prefeito e apontado como operador financeiro. Veja os principais citados e os valores atribuídos a eles:
Clayton Cesar Marciel Lustosa (secretário do Empreendedorismo)
Codinome: "BP Cleyton" (BP = bispo).
Suposto recebimento: R$ 55 mil em três registros.
Marcelo Duarte Regalado (secretário da Fazenda)
Codinome: "Regalado", "Regado" e "Rega".
Suposto recebimento: quatro registros de R$ 3.500.
Márcio Bortolli Carrara (ex-secretário de Educação, hoje assessor)
Codinome: "Carra" e "Carrara".
Suposto recebimento: R$ 100 mil em quatro pagamentos.
Paulo Henrique Marcelo (ex-secretário de Desenvolvimento Econômico)
Codinome: "PH".
Suposto recebimento: R$ 100 mil. Já condenado por propina em outro caso.
Glauco Enrico Bernandes Fogaça (diretor-presidente do Saae)
Codinome: "Glauco".
Suposto recebimento: R$ 4.150 e R$ 4.700.
Luciana Mendes da Fonseca (secretária de Administração)
Codinome: "Dra".
Detalhes: prints mostram troca de informações internas com Josivaldo.
A PF afirma que esses registros indicam pagamentos ilícitos porque não constam na contabilidade oficial, mas em uma planilha paralela.
Relatório da PF diz que Marco Mott afirmou não conhecer Josivaldo Batista
9. Pastor cunhado como operador financeiro
Josivaldo Batista de Souza, cunhado do prefeito, e preso na segunda fase da operação, é apontado como operador financeiro do esquema.
Ele mantinha uma "contabilidade paralela" com registros de supostas propinas pagas por empresas contratadas pelo município. Josivaldo é bispo evangélico de uma igreja que possui duas unidades em São Paulo, uma no Brás e outra em Santo Amaro.
10. Narrativa de perseguição política
A defesa de Rodrigo Manga insiste que a investigação é "completamente nula" e fruto de perseguição política. Para a PF, essa narrativa é usada pelo prefeito para gerar audiência e, consequentemente, dinheiro. Todos os citados negam categoricamente os apontamentos da Polícia Federal.
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Entenda a operação
Linha do tempo da operação Copia e Cola, da Polícia Federal, que investiga irregularidades na saúde de Sorocaba (SP)
Arte g1
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