Prefeitura anuncia nova rodada de recursos para modernizar prédios do Centro de SP
22/10/2025
(Foto: Reprodução) Prefeitura anuncia resultado de 3ª rodada de recursos para retrofit de prédios no centro
A Prefeitura de São Paulo anunciou o resultado da terceira rodada de recursos para fomentar a modernização de prédios no Centro da capital, em um esforço para incentivar a ocupação da região com moradias.
Ao todo, 16 projetos foram selecionados nesta rodada, somando R$ 64 milhões em repasses. Nas duas primeiras, haviam sido aprovados 15 projetos e R$ 26 milhões. O recurso faz parte da política de retrofit, nome dado à modernização de prédios antigos.
Uma das reformas mais simbólicas é a do Edifício Copan, que vai receber R$ 13 milhões da prefeitura, o equivalente a 22% do custo total da obra.
“O Copan é um símbolo da arquitetura moderna do século XX no mundo inteiro. Em qualquer lugar do mundo que você fala do Copan, as pessoas o reverenciam”, disse o arquiteto e professor da Escola da Cidade Ciro Pirondi.
“São edifícios que fazem parte da identidade da cidade, que nós não podemos perder. Nós já temos tão poucas memórias na cidade", destacou.
Outros ícones da arquitetura paulistana também foram contemplados. O Edifício Martinelli, primeiro arranha-céu de São Paulo, vai receber mais de R$ 1 milhão.
O antigo prédio da Telesp, na República, que está sendo transformado em imóvel residencial, também entrou na lista dos beneficiados, apesar de a obra já estar quase pronta.
O programa prevê injetar, no total, R$ 1 bilhão nesse tipo de reforma, sendo que 60% dos recursos devem ser destinados à habitação social.
Pelo projeto, a prefeitura banca até 25% dos custos da modernização, e os edifícios ganham pontuação extra se forem tombados, liberarem empenas para arte em grafite ou oferecerem moradias de interesse social.
Prefeitura anuncia resultado de 3ª rodada de recursos para retrofit de prédios no centro
TV Globo
Apesar do foco em moradias populares, a adesão de empreendimentos voltados para famílias de baixa renda ainda é pequena. Dos 16 projetos aprovados nesta rodada, só quatro terão unidades voltadas para famílias com renda de até seis salários mínimos.
A secretária municipal de Urbanismo e Licenciamento, Elisabete França, acredita que o incentivo ainda é pouco conhecido.
“Tem uma série de documentações que o interessado tem que trazer, é ainda um certo temor... ‘Como é que eu vou entrar?’, ‘Como é que eu vou fazer?’. Mas como a gente vê essa progressão de pessoas entrando, eu acho que está melhorando”, afirmou.
Os edifícios que pontuaram como habitação social, na prática, poderão vender parte dos apartamentos como unidades de outro tipo. Dos quatro projetos com esse perfil, apenas 144 dos 410 apartamentos previstos serão destinados a famílias de baixa renda. Entre eles estão o Edifício Princesa Isabel, o JB104 e prédios nas ruas Dom José de Barros e Rego Freitas.
Para a pesquisadora Laisa Stroher, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrante do LabCidade da FAU-USP, o programa enfrenta outro desafio.
“A gente vê muitos edifícios sendo retrofitados com o objetivo explícito de serem colocados no mercado de aluguel de curta temporada. Ao invés de ser usado para a destinação de moradia, eu estou usando esse recurso para fim de hospedagem. É um desvio de finalidade”, disse.
Para coibir esse tipo de uso, a Prefeitura de São Paulo publicou, em maio, um decreto que proíbe aluguéis de curta temporada em imóveis de habitação de interesse social. Segundo a Secretaria Municipal da Habitação, apenas neste ano 608 empreendimentos foram notificados e 28 multas aplicadas por irregularidades desse tipo.
Prefeitura anuncia resultado de 3ª rodada de recursos para retrofit de prédios no centro
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